Harvey Spencer Lewis pretende, todavia, que Rosenkreuz tenha sido um renovador, já que a instituição remontaria ao antigo Egito, à época do faraó Amenophis IV. Os Rosacruzes têm aceitado essa hipótese, conforme a tradição no contexto da verdade histórica. Na realidade, essa fraternidade nasceu no período medieval, embora apresentando, em sua ritualística, muito do misticismo das antigas civilizações, como acontece com a Maçonaria. Muitos maçons também afirmam que a Ordem Maçônica é antiquíssima e já existia no Antigo Egito e na Pérsia, o que é questionável.
O Rosacrucianismo, assim como a Maçonaria, é um sincretismo de diversas correntes filosóficas-religiosas: hermetismo egípcio, cabalismo judaico, gnosticismo cristão, alquimia, misticismo.
A Ordem nas Américas
Harvey Spencer Lewis foi a pessoa que reativou a AMORC na América do Norte, no início do século XX, já que ela havia existido anteriormente, onde algumas pessoas que se destacaram como Benjamim Franklin teriam pertencido à mesma. Na ocasião a Ordem era ativa em alguns países da Europa, como França e Alemanha, mas com rituais diferenciados. Harvey Spencer Lewis ao trazer a AMORC para a América, não o fez sem antes estudar por mais de 10 anos suas raízes, o que permitiu mais tarde unificar todas as ordens no mundo, cuja essência fosse a mesma. A introdução do estudo à distância permitiu a rápida proliferação da AMORC, e em 1915 ele tornou-se o Primeiro Imperator (ser supremo da Organização), para a América do Norte. A unificação com as demais ordens ocorreu no início dos anos 30, tornando-se Lewis Primeiro Imperator mundial. No Brasil, os estudos foram introduzidos na década de 50, e o cargo supremo é ocupado por um Grande Mestre. Atualmente o Administrador de Empresas Hélio de Moraes e Marques ocupa o Cargo de Grande Mestre, tendo sua jurisdição em todos os países de Língua Portuguesa, sendo que a sede administrativa da AMORC está localizada na Cidade de Curitiba.
O teólogo Johann Valentin Andréa, neto do também teólogo luterano Jacob Andréa, foi o homem que divulgou o rosacrucianismo. Andréa, que nasceu em Herremberg, no Werttemberg, em 1581, depois de viajar pelo mundo, retornou à Alemanha, onde se tornou pregador da corte e, posteriormente, abade. A sua principal importância, todavia, originou-se do papel que ele teve naquela sociedade alemã, que no princípio do século XVII, lutava por uma renovação da vida, com uma nova insuflação espiritual.
A Mística Idéia da Rosa provocou Grande Sedução
Esse símbolo, além de sugestivo, corresponde à ansiedade daquela época. Alguns procuraram relaciona-lo com as armas de Lutero, coisa que não pode ser facilmente aceita, pois ele poderia ser, nesse caso, relacionado, também, com as armas de Paracelso, convindo esclarecer que Andréa representou o seu Rosenkreuz com quatro rosas no chapéu, rosas essas que, desde a época de seu avô Jacob Andréa, adornavam as armas de sua família. Robert Fludd, considerado como o primeiro Rosacruz da Inglaterra, diz que o nome da Ordem está ligado a uma alusão ao sangue de Cristo, na cruz do Gólgota. A mística ideia da rosa, associada à lembrança da cor do sangue e aos espinhos que provocam o seu derramamento, contribuiu, certamente, para dar à palavra, uma grande força de sedução. Além disso, muitos Rosacruzes vêem, no emblema, um símbolo alquimista, concretizando uma ambigüidade muito comum aos símbolos. Os Rosacruzes atuais têm uma interpretação bem mais mística a respeito da Rosa-Cruz. A cruz representaria o ser humano, a parte material, enquanto a rosa representaria o ser imaterial, a alma, espírito ou corpo astral. Assim, a Rosa simboliza a Terra, como ser feminino, e a Cruz simboliza a virilidade do Sol, com toda a sua força criadora que fecunda a Terra. A junção dos sexos leva à perpetuação da vida e ao segredo da imortalidade, resultando, também dela, a regeneração universal, que é o ponto mais alto da Doutrina Rosacruciana.
A Alquimia Evidencia uma ligação entre as duas Ordens
Existe ligação entre a Maçonaria e a Ordem Rosacruz e essa ligação começou já na Idade Média. No fim do período medieval e começo da Idade Moderna, com o inicio da decadência das corporações operativas (englobadas sob rótulo de maçonaria de Ofício ou operativa), estas começaram, paulatinamente, a aceitar elementos estranhos à arte de construir, admitindo, inicialmente, filósofos, hermetistas e alquimistas, cuja linguagem simbólica assemelhava-se à dos franco-maçons. Como a Ordem Rosacruz estava impregnada pelos alquimistas, dá-se aí a ligação do rosacrucianismo e da alquimia com a Maçonaria. É preciso lembrar ainda que durante o governo de José II, imperador da Alemanha de 1765 a 1790, e co-regente dos domínios hereditários da Casa d’Áustria, houve um grande incremento da Ordem Rosacruz e sua comunidade, atingindo até a Corte e fazendo com que o imperador proibisse todas as sociedades secretas, abrindo, apenas, exceção aos maçons o que fez com que muitos rosacruzes procurassem as lojas maçônicas.
Ambas as Ordens são medievais, se for considerado o maior incremento da Maçonaria de Ofício durante a Idade Média e o início de sua transformação em Maçonaria dos Aceitos (também chamada, indevidamente, de “Especulativa”). Se, todavia, considerarmos o início das corporações operativas, em Roma, no século VI antes de Cristo, a Maçonaria é mais antiga. Isso, é claro, levando-se em consideração apenas, as evidências históricas autênticos e não as “lendas”, que fazem remontar à origem de ambas as instituições, ao Egito antigo.
A Maçonaria é uma ordem totalmente templária, ou seja, os ensinamentos só ocorrem dentro das lojas. Já a Antiga e Mística Ordem Rosacruz dá ao estudante o livre-arbítrio de estudar em casa ou em um templo Rosacruz. O estudo em casa é acompanhado à distância, e assim como a maçonaria, é composto de vários graus, que vão do neófito (iniciante) ao 12º grau, conhecido como grau do:
ARTESÃO
O estudo no templo, mesmo não sendo obrigatório, proporciona ao estudante além do contato social como os demais integrantes, a possibilidade de participar de experimentos místicos em grupo, e poder discutir com os presentes os resultados, e por último, a reunião templária fortalece a egrégora da organização, o que também ocorre na maçonaria.
A partir da metade do século XVIII e, principalmente, depois de José II, com a maciça entrada dos rosacruzes nas lojas maçônicas, tornava-se difícil, de uma maneira geral, separar Maçonaria e Rosacrucianismo, tendo, a instituição maçônica, incorporado, aos seus vários ritos, o símbolo máximo dos rosacruzes: ao 18º grau do Rito Escocês Antigo e Aceito, ao 7º grau do Rito Moderno, ao 12º grau do Rito Adoniramita , e assim por diante.
O Cavaleiro Rosa -Cruz, é, como o próprio nome diz, um grau cavaleiresco e se constitui no 18º Grau do Rito Escocês Antigo e Aceito. A sua origem hermetista e a sua integração na Maçonaria, durante a segunda metade do século XVIII, leva a marca dos ritualistas alquímicos, que redigiram naquela época os rituais dos Altos Graus. O hermetismo atribuído ao Grau 18 é perceptível no símbolo do grau, que tem uma Rosa sobreposta à Cruz, representando esta, o sacrifício e a Rosa ou segredo da imortalidade, que nada mais é do que o escoterismo cristão, com a ressurreição de Jesus Cristo, ou seja, a tipificação da transcendência da Grande Obra.
A Maçonaria também incorporou, em larga escala, o simbolismo dos rosacruzes, herdeiros dos alquimistas, modificando, um pouco, o seu significado e reduzindo-o a termos mais reais. Assim, o segredo da imortalidade da alma e do espírito humano, enquanto é aceito o princípio da regeneração só pode ocorrer através do aperfeiçoamento contínuo do homem e através da constante investigação da Verdade. O misticismo dos símbolos rosacruzes, todavia, foi mantido, pois embora a Maçonaria não seja uma ordem mística, ela, para divulgar, a sua mensagem de reformadora social, utiliza-se do misticismo de diversas civilizações e de várias correntes filosóficas, ocultistas e metafísicas.
As Iniciações
Uma singularidade entre a AMORC e a Maçonaria, são as Iniciações nos seus respectivos graus, sendo que para ambas, a primeira é a mais marcante. No caso da Maçonaria, a Iniciação é ao grau de Aprendiz, e da AMORC, é a Iniciação ao Primeiro Grau de Templo. As Iniciações têm o mesmo objetivo: impressionar o iniciante, leva-lo à reflexão, para que ele decida naquele momento, se deve ou não seguir adiante, e se o fizer, assumir o compromisso de manter velado todos os símbolos, usos e costumes da instituição de que fará parte.
O Simbolismo
Vários são os símbolos comuns às duas instituições, a começar pela disposição dos mestres com cargos, lembrando os pontos cardeais, e a passagem do Sol pela Terra, do Oriente ao Ocidente. Cada ponto cardeal é ocupado por um membro. A figura do venerável mestre na maçonaria, ocupando sua posição no Oriente, encontra similar na Ordem Rosacruz, na figura de um mestre instalado, que ocupa seu lugar no leste. A linha imaginária que vai do altar dos juramentos ao Painel do Grau, e a caminhada somente no sentido horário, também é similar. Em ambos os casos o templo é pintado na cor azul celeste, e a entrada dos membros ocorre pelo Ocidente. O altar dos juramentos encontra semelhança no Shekinah na Ordem Rosacruz, sendo que neste último não se usa a bíblia ou outro livro, mas sim três velas dispostas de forma triangular, que são acesas no início do ritual e apagadas ao final deste, simbolizando a Luz, a Vida e o Amor. Outra semelhança é o uso de avental por todos os membros iniciados ao adentrarem o templo, enquanto que os oficiais, (equivalente aos mestres com cargo), usam paramentos especiais, cada qual simbolizando o cargo que ocupa no ritual. O avental usado pelos membros não diferencia o grau de estudo e representa o serviço à humanidade.Algumas das diferenças ficam por conta da condução do ritual, sendo que na Ordem Rosacruz tem caráter místico-filosófico e na Maçonaria destaca-se mais o simbolismo. Os iniciantes da Ordem Rosacruz recebem seus estudos em um templo separado, anexo ao templo principal, enquanto os aprendizes maçons recebem instrução juntamente com os demais irmãos. O formato físico da loja maçônica lembra as construções greco-romanas, enquanto que na Ordem Rosacruz , lembra as construções egípcias. Desde o antigo Egito, as mulheres da Ordem Rosacruz podiam ser iniciadas e participavam dos rituais. Na Maçonaria, as mulheres são proibidas de participar diretamente, embora já existam mulheres iniciadas em algumas potências maçônicas, em países do primeiro mundo. Ambas pertencem à Grande Fraternidade Branca e trabalham no combate à ignorância e em favor do progresso da humanidade.
Embora não seja interesse, nem da Maçonaria e nem tampouco da Ordem Rosacruz, discute-se nos meios místicos e esotéricos, qual dessas instituições surgiu primeiro. É sabido que ambas são antiqüíssimas, no entanto, os estudiosos da matéria, os buscadores sinceros, tentam por todas as formas, elucidar a questão, julgando-a importante, do ponto de vista histórido. Na Obra intitulada “Manual do Místico” de Rogério Sidaoui, autor Rosacruz, tratando desse assunto, num de seus capítulos, pode-se entender claramente, que a Ordem Rosacruz surgiu primeiro, no antigo Egito, tendo a Maçonaria se originado dela. Assim diz: “Podemos afirmar que a origem da Maçonaria vem do seio da AMORC (Rosa-Cruz), pois ambas carregam em determinados graus iniciáticos rituais idênticos.”
No livro “Manual do Aprendiz Franco-Maçon”, de Aldo Lavagnini, onde lemos sobre a origem da Maçonaria e seus ritos, o autor dá ênfase ao escrever, da seguinte forma: “Entre estes movimentos, os dois mais conhecidos e que mais influenciaram a Maçonaria, são a Ordem do Templo, que teve seu apogeu e seu período de esplendor no século XIII, e a Fraternidade Rosacruz, que a influenciou especialmente no século XVII.
Uma coisa importante, e ao mesmo tempo curiosa, que não deve aqui ser omitida, é o que concerne a personalidades que fizeram parte destas instituições milenares. Tanto no Brasil, como também a nível mundial, homens célebres engrossaram as fileiras da Ordem Rosacruz e da Maçonaria. Alguns deles, atuaram simultaneamente nas duas fraternidades, como é o caso de Benjamim Franklin, Lous-Claude de Saint Martin, Alessandro Cagliostro e tantos outros.
A Importância de Alessandro Cagliostro para as Escolas de Mistérios
É importante abordar aqui, um pouco do que representou Alessandro Cagliostro para a Maçonaria e Rosacrucianismo. Foi ele um baluarte para estas duas escolas de mistérios. À época, acusavam-no de praticar a magia, pois como um dos estudiosos e seguidores desta ciência, conheceu ele, desde cedo, e revelou ao mundo a Lei universal do equilíbrio e da harmonia. Por essa razão e outras, passou a ser perseguido pelo governo francês e da Inglaterra. Ele realizava proezas, deixando os poderosos em fúria total. Cagliostro era admirado por seus contemporâneos e era tido como “clarividente”, “taumaturgo”, “alquímico”, “mago”, ou “terapeuta”. Era possuidor de um grande poder e sabedoria ímpar. Ele falava de si próprio: “Sou apenas um instrumento de que Deus se serve para vos dar aviso. Insultai a fortuna e ela vos ameaçará porque sabe vingar-se. Eu não faço mais do que traduzir as suas fantasias...” Dizia ainda: “Ninguém pode fazer o bem sem fazer invejosos.” A maior obra de Cagliostro foi, sem dúvida, “pagar o mal com o bem e tirar o ser humano da miséria.” Defensor ardoroso dos Princípios Rosacruzes e Maçônicos, Alessandro Cagliostro possuía a dádiva da cura e uma personalidade magnética; era, até certo ponto, clarividente e amava o mistério. Certos pontos do pensamento de Cagliostro coincidem com alguns aspectos da filosofia Rosacruz, o que não é de se admirar, uma vez que ele afirmou ter freqüentado as antigas escolas do Oriente, recebendo, no Egito, a “gnose que iluminava seu interior”. Mergulhado progressivamente, e cada vez com mais intensidade, na vida do espírito, Cagliostro voltou-se para o Rosacrucianismo e para a Maçonaria, apaixonadamente, pregando e expandindo seu raio de ação, pois ele via, nesta instituição fortemente perseguida pelos poderes religiosos de então, a possibilidade de pastorear, de alguma forma, as almas que procuravam a melhor compreensão da vida material e a consequente paz de espírito. Tornou-se Cagliostro conhecido pelo exercício dos “divinos poderes”, que exercitava com simplicidade e franqueza. Assim adivinhava os números da loteria, segundo consta; profetizava, previa o futuro das pessoas, fazia ouro por meio de operações alquímicas ou transmutação; dava origem à manifestação de fenômenos de Magia, Alquimia e Taumaturgia, para crédulos e incrédulos, interessados ou curiosos. No processo de seu crescimento, parece ter conseguido reconhecer o rumo de sua vida, o risco que corria pelos inúmeros enganos cometidos, e deu asas à larguesa de seu espírito. Protegido por pensamentos sublimes, começou a sentir-se confiante, seguro e forte. Adquiriu uma visão de rara beleza da essência da sabedoria a que alçara com suas próprias asas.
Durante a consagração do Templo, coube ao representante do Grão-Mestre pronunciar o belíssimo discurso, que muito bem refletia
o sentimento de todos em relação a Cagliostro:
Durante a consagração do Templo, coube ao representante do Grão-Mestre pronunciar o belíssimo discurso, que muito bem refletia
o sentimento de todos em relação a Cagliostro:
“Meus irmãos, é com o coração amargurado e traspassado de dor que fomos encarregados, o irmão V. e eu, de vos transmitir o adeus do Grande “Cophte”, nosso fundador; ele deixou a França para sempre, e habita, neste momento, em um novo reino. As mágoas e as tristezas a respeito deste infeliz evento são muito grandes, uma vez quem tendo as previsto, ele delas partilhou e, até o último momento de sua permanência em nosso país, ocupou-se, especialmente, com seus filhos de Lyon e com a sua felicidade. Vós não imaginais quantas vezes ele projetou vir, em pessoa, inaugurar e consagrar este Templo, esta Nova Jerusalém, tão querida de seu coração e que é destinada a uma glória extensa e brilhante. Os decretos da Providência colocaram , constantemente, obstáculos para isso. Os homens sem fé poderiam reclamar a respeito disso, mas os seres privilegiados como nós devem saber que nossas fraquezas nos impedem de conceber ou penetrar nos segredos do Ser Supremo; devemos nos conformar e submeter. Abraão consentiu, há muito, em sacrificar-lhe seu filho; nós fazemos hoje, para Ele, o sacrifício de nosso pai. Não julguemos nem nos atormentemos com os efeitos futuros daquilo que nos é desconhecido e digamos como Jô: Deus no-lo deu e Deus no-lo tirou”.
Sempre muito interessado pelas atividades místicas, tanto na Ordem Rosacruz como na Maçonaria, Cagliostro relatou que, certa vez, em Bordéus, teve uma “visão celeste”, que veio estimular seus esforços para o desenvolvimento da Maçonaria Egípcia: ele se viu agarrado pelo pescoço por duas pessoas, levado e transportado para uma profunda caverna. Lá, uma porta se abriu e ele foi conduzido para um lugar delicioso que comparou a um aposento real, grande e esplendidamente iluminado, onde se celebrava uma grande festa. Todos os assistentes estavam vestidos de branco, com túnicas que desciam até os calcanhares e entre eles, reconheceu (e o disse aos que o ouviam) muitos filhos da Maçonaria que já haviam morrido. Pensou, então, estar liberto dos males deste mundo e ter chegado ao paraíso. Ofereceram-lhe uma longa túnica e uma espada, semelhante `que era costume colocar-se nas mãos do anjo exterminador; adiantou-se e ofuscado por uma luz forte, prostrou-se e rendeu graças ao Supremo Ser, por ter alcançado a felicidade; ouviu, então, uma voz desconhecida responder-lhe: “esta será vossa recompensa, mas ainda é necessário trabalhar”. E a visão desvaneceu-se. Tal fato foi contado por ele a muitos de seus discípulos.
E continuava afirmando Cagliostro
Sempre muito interessado pelas atividades místicas, tanto na Ordem Rosacruz como na Maçonaria, Cagliostro relatou que, certa vez, em Bordéus, teve uma “visão celeste”, que veio estimular seus esforços para o desenvolvimento da Maçonaria Egípcia: ele se viu agarrado pelo pescoço por duas pessoas, levado e transportado para uma profunda caverna. Lá, uma porta se abriu e ele foi conduzido para um lugar delicioso que comparou a um aposento real, grande e esplendidamente iluminado, onde se celebrava uma grande festa. Todos os assistentes estavam vestidos de branco, com túnicas que desciam até os calcanhares e entre eles, reconheceu (e o disse aos que o ouviam) muitos filhos da Maçonaria que já haviam morrido. Pensou, então, estar liberto dos males deste mundo e ter chegado ao paraíso. Ofereceram-lhe uma longa túnica e uma espada, semelhante `que era costume colocar-se nas mãos do anjo exterminador; adiantou-se e ofuscado por uma luz forte, prostrou-se e rendeu graças ao Supremo Ser, por ter alcançado a felicidade; ouviu, então, uma voz desconhecida responder-lhe: “esta será vossa recompensa, mas ainda é necessário trabalhar”. E a visão desvaneceu-se. Tal fato foi contado por ele a muitos de seus discípulos.
E continuava afirmando Cagliostro
sobre o mistério da Rosa-Cruz:
“O pretendido mistério de Hiran não passa de um grotesco absurdo, e o título de GRANDE ARQUITETO DO UNIVERSO que é dado a Deus, é um apelido, cujo sentido comum seu inventor inglês não conhecia. A imensa variedade das manifestações da vida no seio da Ordem Universal revela às vossas consciências uma causa Primária Absoluta que procurais definir, apesar da insuficiência da linguagem humana. As palavras exprimem a sabedoria do mundo exterior (exotérico) mas não satisfazem à mente interior (esotérico); são, pois, a expressão de uma parte da verdade. Não mais busqueis a expressão simbólica da ideia divina pois foi criada há sessenta séculos pelos Magos do Egito. Hermes Tot fixou-as em duas palavras: a primeira, Rosa, porque esta flor apresenta uma forma esférica, o mais perfeito símbolo da Unidade, e porque o perfume que exala é como uma revelação da vida. Esta rosa foi colocada no centro de uma cruz, figura que expressa o ponto onde se unem os ápices de dois ângulos retos cujas linhas podem ser prolongadas ao infinito, no triplo sentido de altura, largura e profundidade. Este símbolo é feito de ouro, porque, na ciência oculta, ouro significa luz e pureza, e o sábio Hermes deu-lhe o nome de ROSA+CRUZ, isto é, esfera do infinito”.
“O pretendido mistério de Hiran não passa de um grotesco absurdo, e o título de GRANDE ARQUITETO DO UNIVERSO que é dado a Deus, é um apelido, cujo sentido comum seu inventor inglês não conhecia. A imensa variedade das manifestações da vida no seio da Ordem Universal revela às vossas consciências uma causa Primária Absoluta que procurais definir, apesar da insuficiência da linguagem humana. As palavras exprimem a sabedoria do mundo exterior (exotérico) mas não satisfazem à mente interior (esotérico); são, pois, a expressão de uma parte da verdade. Não mais busqueis a expressão simbólica da ideia divina pois foi criada há sessenta séculos pelos Magos do Egito. Hermes Tot fixou-as em duas palavras: a primeira, Rosa, porque esta flor apresenta uma forma esférica, o mais perfeito símbolo da Unidade, e porque o perfume que exala é como uma revelação da vida. Esta rosa foi colocada no centro de uma cruz, figura que expressa o ponto onde se unem os ápices de dois ângulos retos cujas linhas podem ser prolongadas ao infinito, no triplo sentido de altura, largura e profundidade. Este símbolo é feito de ouro, porque, na ciência oculta, ouro significa luz e pureza, e o sábio Hermes deu-lhe o nome de ROSA+CRUZ, isto é, esfera do infinito”.
Para concluir este parágrafo, pode-se afirmar que a essência de Cagliostro era: “O homem pertence à eternidade, mas perdeu a noção do divino que nele está encoberto; por isso, nem sempre estima seu próprio valor."
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No Brasil, é comum, a participação de Rosacruzes em lojas maçônicas e vice-versa. É bom ressaltar ainda que a Maçonaria teve uma expansão marcante em território brasileiro, tendo no País uma atuação bem decisiva, como é do conhecimento da grande maioria. Entre os brasileiros, há de se admitir que a Ordem Rosacruz tem uma participação mais tímida, menos expressiva, porque também a sua história é recente entre nós. Mas todos os estudiosos reconhecem, que na Idade Média, e mesmo em períodos históricos mais remotos, os Rosacruzes tiveram eloqüente participação no desenrolar de fatos, através de seus mais insignes representantes, que não mediam esforços, enfrentando situações delicadas, diante da realidade da época. Para alguns observadores, isso ocorre porque o status evidencia a Maçonaria, por meio do simbolismo, como já foi dito. Já os Rosacruzes não ostentam esse mesmo poder, sendo uma fraternidade mais espiritualizada. De qualquer maneira, pelo que representam no contexto histórico e pelo que já conquistaram, estas escolas de mistérios merecem, por estes e outros motivos, todo respeito e admiração de nossa parte.
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No Brasil, é comum, a participação de Rosacruzes em lojas maçônicas e vice-versa. É bom ressaltar ainda que a Maçonaria teve uma expansão marcante em território brasileiro, tendo no País uma atuação bem decisiva, como é do conhecimento da grande maioria. Entre os brasileiros, há de se admitir que a Ordem Rosacruz tem uma participação mais tímida, menos expressiva, porque também a sua história é recente entre nós. Mas todos os estudiosos reconhecem, que na Idade Média, e mesmo em períodos históricos mais remotos, os Rosacruzes tiveram eloqüente participação no desenrolar de fatos, através de seus mais insignes representantes, que não mediam esforços, enfrentando situações delicadas, diante da realidade da época. Para alguns observadores, isso ocorre porque o status evidencia a Maçonaria, por meio do simbolismo, como já foi dito. Já os Rosacruzes não ostentam esse mesmo poder, sendo uma fraternidade mais espiritualizada. De qualquer maneira, pelo que representam no contexto histórico e pelo que já conquistaram, estas escolas de mistérios merecem, por estes e outros motivos, todo respeito e admiração de nossa parte.
FONTE: TRIBUNA DO POVO
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